PREPARAÇÃO
DA CAMPANHA AGRARIA 2017/18
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO)
socializou com os produtores de Sofala, no passado dia 18 de Outubro corrente,
mormente os do Vale do Rio Púnguè, distrito do Dondo, a existência da lagarta
de funil do milho, de seu nome científico spodoptera frujiperda, uma peste nova
e perigosa, em termos de danos, diagnosticada em Fevereiro deste ano no Pais.
A socialização da existência da praga ocorre numa altura em que inicia a
campanha agrária 2017/18 em todo o Pais e visa preparar os produtores para
qualquer eventualidade da eclosão da lagarta de funil do milho, no sentido de reduzir
o impacto que possa trazer na segurança alimentar das famílias camponesas.
Com efeito, os diferentes produtores
do Vale do Rio Púnguè se apropriaram do conhecimento sobre o ciclo de vida, o período
de danos, o comportamento canibalístico e os cuidados a ter com lagarta de
funil do milho.
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Presença da Lagarta do Funil de Milho Durante a Visita de Campo - Rio Púnguè |
Paralelamente, os produtores interagiram, em trabalho de campo, com os técnicos
extensionistas e da FAO, entomologistas do Instituto de Investigação Agronómica
de Moçambique (IIAM), do Malawi, Zâmbia, Zimbabwe e da República da África do Sul que participavam num treinamento na Beira sobre medidas de mitigação da
lagarta de funil do milho, o qual permitiu passar o conhecimento da investigação
para os extensionistas, desenhar medidas de adaptação climática a serem
inseridas no currículo das Escolas na Machamba do Camponês (EMCs), partilhar
experiencias com especialistas dos países da SADC que ja foram assolados pela
peste, entre outros aspectos.
Como se não bastasse, o ponto mais alto da visita de campo foi a realização
da Análise do Sistema Agro- Ecológico (ASAE) que consistiu na observação de
campo, recolha e análise de dados, discussão e produção de recomendações.
Para uma maior organização, a equipe foi dividida em 3 grupos onde cada
grupo teve a oportunidade de escolher ou o sistema de pedrinhas (lançar 10
pedrinhas e marcar as plantas onde a pedrinha cai) ou o sistema de zigue-zague
(marcando-se as plantas nas partes de mudança de direção de zigue-zague-1
planta em cada 10 passos), para a escolha das plantas para a observação, de
acordo com o protocolo desenvolvido pela FAO.
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Visita de Campo (ASAE) - Púngue |
Para todos efeitos foram deixadas recomendações aos produtores para destruírem
amostras de cada planta que tenha sintomas de danos típicos da lagarta de funil
de milho ou broca de colmo, como seja massas de ovos nas folhas, folhas
perfuradas ligeiramente consumidas pelas larvas recém-nascidas, danos na
bandeira ou inflorescência, espigas danificadas.
A par disso, foi deixado como tpc o desenrole de folhas que formam o funil
e verificação da presença de larvas, ao mesmo tempo que foi feita a apresentação
da armadilha e a montagem de pheromona sexual.
Por seu lado, o representante da FAO em Moçambique, Castro Paulino
Camarada, de visita a Sofala, deixou uma palavra de conforto aos produtores e
prometeu apoia-los na mitigação dos efeitos da praga e das mudanças climáticas.
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Castro Paulino Camarada -Representante FAO em Moçambique, |
-"Nos como FAO continuaremos a
apoiar para que os efeitos dessa praga não cause prejuízos avultados nas vossas
vidas" numa clara alusão a segurança alimentar-afirmou apontando a fixação
de armadilhas e consequente montagem de pheromonas sexuais e do controlo biológico, mediante a utilização de parasitoides, das ditas "tesourinhas e joaninhas"
consideradas inimigas naturais da lagarta de funil do milho, estratégia trazida
pela investigação, mas que está a trazer resultados positivos em outros
países.
A dado passo, Castro Camarada qualificou a segurança alimentar um desafio
tanto para o governo quanto para a FAO. Falando com cifras na mão, Castro
Camarada frisou que o Pais tem 24% da população em insegurança alimentar.
-"Temos em Moçambique 24% da
população em insegurança alimentar “-referiu sublinhando a tendência ser
gradualmente decrescente, para quem o Pais precisa fazer muito mais na
irrigação e na gestão da água.
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Trabalho de Campo no distrito de Dondo (Rio Púnguè) |
Mais do que isso, Castro Camarada contextualizou o surgimento da nova peste
do milho como sendo de natureza transfronteiriça, dai ter elevado a importância
da fasquia da colaboração regional, que segundo afirmou, está a acontecer na
partilha da informação e no uso de melhores práticas.
Na mesma ocasião, a fonte revelou que a FAO nos 4 distritos da província de
Sofala, onde actua, está a investir 38 milhões de meticais para a implementação
de vários projectos, dentre os mais quotados, figuram os do apoio a segurança
alimentar e o de adaptação as mudanças climáticas, com média de vigência de 3 à
4 anos.
-"Nos temos dado apoio em vários aspectos. Trabalhamos muito na
metodologia das EMCs, sementes de qualidade, acesso facilitado aos insumos agrários,
acções pós-colheita “-elencou não perdendo de vista a campanha de vacinação
contra a doença de newcastle, educação nutricional e divulgação de tecnologias
que ajudam a mitigar o impacto das mudanças climáticas.
A FAO em sofala actua nos distritos de Nhamatanda, Buzi, Maringué e Gorongosa.